O câncer é uma doença que também pode afetar os olhos das crianças, mas os pais que costumam suspeitar observando algo muito simples. Se a criança apresentar reflexo do olho de gato, ou seja, se a pupila ficar esbranquiçada ao contato com a luz do flash em fotografia, a visita ao oftalmologista é fundamental para um possível diagnóstico do chamado retinoblastoma. O dia 18 de setembro marca o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma.
O retinoblastoma é uma doença rara, mas se não for tratada o quanto antes pode passar para o cérebro e depois se espalhar por todo o corpo. Dessa forma, aumentam consideravelmente as chances da criança morrer. Este tipo de câncer é um tumor maligno que ataca as células da retina (localizada na parte interior dos olhos e responsável pela visão).
O câncer é a doença que mais mata crianças acima dos 5 anos no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), a previsão é que mais de 9 mil pacientes, nessa faixa etária, sofram de algum tipo dessa enfermidade. E o câncer ocular é um dos mais comuns entre crianças e adolescentes.
Ainda segundo o instituto, as chances de cura hoje são altas, em torno de 85%, se a doença for diagnosticada no início. A situação é muito diferente de anos atrás, quando esta era a porcentagem de risco de morte. No entanto, metade dos casos ainda é diagnosticado tardiamente. A estimativa é que 400 novos casos da doença sejam registrados no Brasil este ano Por isso, é importante a campanha de conscientização pelo diagnóstico precoce da doença.
Tipos de retinoblastoma
A causa desse tumor maligno na retina é um defeito genético no cromossomo 13. Ele pode ocorrer por hereditariedade (um dos pais já possuía a alteração nesse gene) ou pode ser não hereditário (não é transmitido aos futuros filhos do paciente). O hereditário aparece na criança mais jovem e pode afetar os dois olhos, o não hereditário aparece até os 7 anos de idade e costuma afetar apenas um olho. Confira as duas formas da doença:
Em um olho: Quando não é hereditário. Apenas as células da retina são afetadas. A maioria dos casos (60%) são desse tipo, que pode aparecer até os 7 anos de idade.
Dois olhos: A mutação genética está presente não apenas na vista, mas em todas as células do corpo da criança. Há 90% de chances do paciente ter câncer em outras partes do corpo. Além disso, existem 50% de chances de transmissão hereditária para gerações futuras.
Sintomas do tumor maligno na retina
Segundo a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, 90% dos casos tratados pela instituição só puderam ser descobertos porque os pais notaram logo os sintomas em casa.
Se a aparência dos olhos de seu filho estiver estranha é bom levá-lo logo ao oftalmologista. Pode ser um sinal de retinoblastoma.
Normalmente os pais percebem um reflexo anormal dos olhos ou estrabismo, que são os olhos mal alinhados. Confira os sintomas mais comuns do retinoblastoma:
Reflexo do olho de gato: Quando a pupila da criança fica esbranquiçada ao ter contato com a luz do flash de fotografia. É muito comum que os pais percebam esse sintoma em fotos, ao invés do olho sair vermelho com o flash acaba saindo branco.
Estrabismo: Quando os olhos ficam desalinhados (vesgos). Existem várias causas para esse problema, mas uma delas pode ser o retinoblastoma.
Fotofobia: Sensibilidade excessiva a luz
Olho vermelho e inflamado
Como é feito o diagnóstico
O pediatra encaminha o paciente para um oftalmologista quando nota suspeita. A partir de exames precisos, como fundo de olho, entre outros, o médico consegue diagnosticar se é realmente retinoblastoma. Em caso positivo, o oftalmologista irá direcionar o paciente a um oncologista o quanto antes.
Tratamento do retinoblastoma
Existem diferentes formas de tratamento da doença. A escolha do médico vai depender de certos fatores como a causa (hereditária ou não), riscos de morte do paciente pela doença e o estágio em que se encontra. A radioterapia e o laser são algumas das formas de tratamento.
Novos tratamentos estão sendo analisados em centros de excelência espalhados pelo mundo. Na Universidade de Federal de São Paulo, está sendo estudado tratamento de quimioterapia intra arterial. Neste tratamento, um cateter pequeno libera a quimioterapia na artéria que leva a circulação sanguínea ao olho, assegurando que a concentração do medicamento na área do tumor e reduzindo os efeitos colaterais, como sangramentos e infecções.
Outras formas de tratar esse câncer ocular são a crioterapia, que consiste no congelamento do tumor ou a enucleação, que é a cirurgia para a retirada do olho do paciente. A intervenção é realizada para evitar que o tumor se espalhe por outras partes do corpo. A cirurgia ocorre quando o estágio está avançado e o procedimento é realmente necessário para salvar a vida da criança. Depois desse procedimento, uma prótese é colocada para que o paciente continue tendo uma vida normal.
Artigo escrito pela equipe da Clínica Belfort. Este artigo contém apenas informações gerais sobre doenças oculares. Este texto não substitui a avaliação por oftalmologista.